terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ciúme de você!

Quando os pais têm que dividir sua atenção com mais de um filho, o ciúme pode aparecer
Quem não tem quer ter: quem tem, reclama. A relação entre irmãos, de tão complexa, é tema clássico e recorrente na literatura. Quem não lembra de Esaú e Jacó, Os irmãos Karamazov – aqui se estende a relação pai e filho – e até Caim e Abel?
Via de regra, optar por ter mais de um filho acaba trazendo um tipo de “desconforto” para os pais, nem que seja por um período passageiro – geralmente quando o caçula é “introduzido” no seio familiar. E quase sempre a situação não recebe mais do que um diagnóstico de ciúmes. “Sentir ciúme é um sentimento humano e bastante comum. O problema é o ciúme patológico, que surge quando a pressão afasta a pessoa da realidade e cria situações que não são verdadeiras”, alerta o psiquiatra José Outeiral.
É essa situação que vive a assistente de marketing Juliana Arins, mãe de Matheus, 8 anos e Maria Eduarda, prestes de completar 4. “Eles vêem o outro como rival. Na cabeça deles, se o irmão não existisse, não haveria motivo para competir pela atenção dos pais”, Conta Juliana. Ela identificou o ciúme quando percebeu em quais momentos os conflitos se apresentam: no retorno da escola quando os irmãos se provocam sem motivo aparente, ou na hora de fazer a lição de casa, por exemplo. “Percebi que todas as situações de “conflito” estavam ligadas à atenção”, diz. Um caso clássico de ciúmes entre irmãos. “O ciúme envolve três pesssoas e um se sente excluído. É perfeitamente normal entre irmãos, amigos e, especialmente, da criança em relação aos pais”, explica o psiquiatra. A orientação nesses casos é que os pais fiquem atentos para, que na medida de possível, dar o mesmo tratamento a todos os filhos e intervir quando o ciúme se torna mais intenso, explicando e confortando esse sentimento com a realidade. “O ideal é trazer exemplos do dia a dia que possam atenuar as fantasias que embasam o ciúme da criança e cuidar das próprias atitudes para que essas fantasias não sejam reforçadas, às vezes por meio de atitudes inconscientes”, orienta Outeiral.
Mas é importante não tachar toda e qualquer situação como ciúme e ficar atento para identificar casos mais sérios. “Quando as crianças relatam situações que não são verdadeiras e tomam atitudes violentas, o ciúme patológico passa a ocupar grande parte da vida da criança ou do adolescente e muitas coisas que acontecem passam a ser atribuídas e motivadas pelo ciúme. A família tem que ter um diálogo constante, onde essas questões sejam conversadas antes que assumam proporções maiores, como agressões verbais ou até mesmo físicas”, diz o psiquiatra.
Para evitar que o ciúme “bobo” evolua para algo mais sério, a receita da mãe de Matheus e Maria Eduarda é simples. “Conversamos muito, deixamos claro que não existe preferência e que o amor que sentimos por eles é igual. Além disso, optamos por programas que envolvam os dois, mostrando que as atividades em conjunto são muito mais produtivas e divertidas”, ensina Juliana.
Fonte: A&E Atividades e Experiências – Editora Positivo

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