quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Família, professor e escola

Vínculos afetivos, limites e autoestima na aprendizagem   
“A gente não cria paciência porque não acostuma com a criança”.
Ouvi a frase acima de um pai, ao tentar explicar por que ele tem tido dificuldade de educar sua filha, que passa o dia inteiro na escola. Justificava-se e propunha que a professora, que fica o dia inteiro com a sua filha, desse os limites e as regras; e ele, que só a vê à noite, desse os carinhos e os mimos.
A professora argumentava que o trabalho educativo dos pais era insubstituível e indispensável. Ela estava pedindo aos pais que ajudassem a menina a organizar seu horário de estudo, pois ela não estava conseguindo...
Como mediadora, lembrei ao pai que a escola é uma grande parceira da família ou a família é uma grande parceira da escola. Tanto faz a ordem em que se coloque, pois o mais importante é que ambas cumpram com o seu papel educador.
Tanto a família quanto a escola devem viabilizar relações pautadas na afetividade e no adequado desempenho de papéis. Ao viverem ora como aluno, ora como filho, aprendem as normas sociais e éticas e compreendem o seu lugar no mundo. Contudo, se os adultos se eximirem de sua tarefa educativa, como a criança se construirá “sujeito” e como entenderá o mundo e seu funcionamento?
O que uma família tem que fazer nenhuma escola consegue substituir, por melhor que seja; o que a escola tem que fazer, as famílias não conseguem, mesmo sendo educadoras.
A família tem o papel de acolher a criança e promover individuação e pertencimento. No convívio diário, nas conversas, na forma de proceder diante das rotinas do dia a dia é que a criança compreende os mitos, as crenças, os ritos de sua família, assim como a forma deles de viver e conviver.
A escola tem o papel de socializar o conhecimento e as relações. Ela precisa promover um espaço educativo propício aos riscos de acertar e errar, de levantar hipótese, de discorrer o pensamento, enfim, um espaço de aprendizagem. Esse contexto é individual e coletivo, é solitário e participativo. Torna-se, portanto, fundamental o grupo, as trocas, as diferenças. Diante desse movimento, é fácil entender que o grupo funcionará regido por normas e por regras de funcionamento, colorido pelo tom e pela temperatura das relações afetivas.
A escola é uma instituição do domínio coletivo, dos grupos, das trocas, e a família, é do domínio do mais reservado, do particular e do específico.
Tanto os pais quanto os professores devem ter claro que a afetividade, segundo Wallon, é construída a partir da qualidade das relações que a criança estabelece e é determinante para a construção da personalidade. À medida que a criança vai crescendo e se desenvolvendo, vai ampliando sua capacidade relacional e afetiva. A afetividade se manifesta através das emoções e dos sentimentos.
O que organiza as relações são os limites, as fronteiras relacionais que estabelecemos com as pessoas. Fronteiras nítidas desenvolveram relações adequadas e respeitosas. Fronteiras difusas desenvolveram relações misturadas e caóticas. As fronteiras rígidas desenvolverão relações distanciadas e autoritárias.
Portanto, precisamos prestar atenção em como estabelecemos nossas relações. Promovemos autonomia ou simplesmente controlamos nossos alunos e filhos? Fazemos encaminhamentos? Damos-lhes as regras ou fazemos por nossos alunos e filhos para encurtar o caminho e não nos estressar?
Volto a afirmar que se viver fosse um jogo, seria um jogo de regras. N o entanto, para se jogar esse jogo, é preciso acreditar que vale a pena esse compartilhamento. Só o amor não educa, mas não se educa sem o amor!
Fonte: A&E Atividades e Experiências – Editora Positivo

Nenhum comentário:

Postar um comentário